Vídeo: Galpão Crioulo gravado na minha querência
Nessa sexta-feira, dia 13, me recordo desta bela poesia de Telmo de Lima Freitas, um de nossos maiores poetas e compositores. E para começar a semana farroupilha, ouçamos Prenda Minha:
Hoje é treze sexta-feira prenda minha é dia de louvação
Me fugiram os amigos mais antigos me deste consolação
Já passaram muitas luas, prenda minha muitas luas já passei
Fiz promessas pro negrinho coitadinho por isso que te encontrei
Acho cedo muito cedo prenda minha pra dizer que escureceu
Foi a noite dos teus olhos prenda minha que acordou os olhos meus
Foi teu riso disfarçado prenda minha que laçou meu bem-querer
Se eu fugir do sul do mundo num segundo voltarei prá te rever
Abre o poncho desta alma prenda minha que eu preciso me abrigar
Se o inverno for intenso como penso muito frio eu vou passar
Hoje é treze sexta-feira prenda minha é dia de louvação
Composição: Francisco Vargas
Álbum: Vermelho e Cabeçudo
Ano: ?
Meu povão já está sabendo que eu sou grosso sem estudo
E fui muito criticado quando gravei o cuiudo –
Os puritanos do Rio Grande ficaram até carrancudo,
Mais no meu bolso eu botei um troco lindo e graúdo.
Deu pra comprar um puro sangue com jockei, cocheira e tudo
E a pão-de-ló é tratado
E por mim foi batizado de vermelho cabeçudo.
E quem montar no meu cavalo
Morre velho, não esquece
E é só enxergar mulher
Que o lombo do bicho endurece!
Com uma prenda na garupa ele sai troteando miúdo
Fica lerdo e desconfiado quando monta um cabeludo;
Até fala relinchando, não estorvo, nem te ajudo
E a eguada se apaixona da estampa do cruniúdo.
Quando passa pela rua mulherada param tudo
E uma magrinha de moto
Pediu pra tirar uma foto no lombo do cabeçudo.
Eu fui correr uma carreira comum fazendeiro papudo
E eu tinha um tordilho negro por apelido pacudo.
Rachei a cancha no meio e o velho ficou bicudo
Já quis comprar meu vermelho, me chamando de sortudo.
Quando eu vi entrou uns magrinhos parecido com os menudo
E um nativista de brinco
Ele e mais uns quatro ou cinco pra ginetear o cabeçudo.
Pra gente vencer na vida tem que ser meio carudo
Logo que eu vim da campanha me chamavam de bacudo.
Mais eu fui ficando esperto com promessas não em iludo
E esses dia eu vi um malandro levar uns quarenta cascudo,
Da sua própria mulher que lhe chamava de chifrudo.
Disse: – caco, tu me solta
Por que eu quero dar uma volta no lombo do cabeçudo.
Composição: Gildo de Freitas
Álbum: O desafio do padre e o trovador
Ano:1966
Teixeira anda dizendo que quando matei uma Jibóia eu entrei pela boca da cobra e sai lá nem sei por donde seu.
Essa historia de Jibóia
Que o Teixeira têm contado
Que a Jibóia me engoliu
Mas não foi por descuidado
Ela abriu-se eu saltei dentro
Depois cheguei lá no centro
Pra descansar um bocado
Mas naquela mesma hora
Ela abriu-se eu saltei fora
Mas porém do mesmo lado
Comigo não têm esse negocio de entrar em picada e procurar atalho seu.
O Teixeira tu não te mete
Fazer o que o “Freita” faz
Tu nem deves de chegar
Perto desses animais
Pode alguma Sucuri
De lá sai e te engoli
Tu abre o Olho Rapaz
Já na entrada tu cai
Depois o Sr. não sai
Nem por diante e nem por traz
Não te mete Teixeira!
Tu deixa pra o Gildo Freita
Que é de raça destemida
E a minha carne por cobra
Ainda não foi mordida
Coragem eu tenho de sobra
Não é a primeira cobra
Que eu já deixei sem vida
Eu não sou o Teixeirinha
Que enxerga qualquer cobrinha
Corre fazendo larida
E agora Teixeirinha
Vou botar banca pra ti
Se na outra encarnação
Você vier cobra pra qui
Não venha com idéia louca
De vir abrindo a boca
Pensando de me engoli
Tu abrindo a boca eu entro
Mas vou de exporá pra dentro
Que é só pra judiar de ti
E de depois que eu te judiei
Eu vou sair por onde entrei
Que é pra ver o povo rir…
De-lhe boca Chico Beiço
Tem baile no Zé Quebrado
Vou levando o chifre cheio
Da cachaça do Conrado
Hoje vou torcer as cangalhas
E dá-lhe boca pro gateado.
Ala pucha Tia Picucha
Quadra o corpo e vem de lado
Que eu hoje vou torcer as cangalhas
E dá-lhe boca pro gateado.
Cheguei na frente do baile
Fedendo a chifre queimado
Enfiei o mango na cinta
E entre sem ser convidado
Dei de mão numa pinguancha
E de-lhe boca pro gateado.
Ala pucha Tia Picucha
Quadra o corpo e vem de lado
Dei de mão numa pinguancha
E de-lhe boca pro gateado.
Bochincho corria frouxo
Candieiro quase apagado
E tapado de polvadeira
Vinha dançando embalado
Com a gota em riba do toso
Dando a boca pro gateado.
Ala pucha Tia Picucha
Quadra o corpo e vem de lado
Com a gota em riba do toso
Dando a boca pro gateado.
Resolveram acabar o baile
Facão, revolver, machado
Ficou só a guincha do rancho
Do salão do Zé Quebrado
Entreverado eu gritava
Vou dar boca pro gateado.
Ala pucha Tia Picucha
Quadra o corpo e vem de lado
Entreverado eu gritava
Vou dar boca pro gateado.
Dei de mão numa solteirona
A filha do João Pintado
Que saiu frouxando as ancas
Que nem palanque em banhado
E me disse até que um dia
Vou dar boca pro gateado.
Ala pucha Tia Picucha
Quadra o corpo e vem de lado
E me disse até que um dia
Vou dar boca pro gateado.