Um apanhado geral sobre as representações cartográficas
O homem tem uma grande necessidade de conhecer o espaço que habita. Desde as épocas mais remotas, tem se preocupado em representar esse espaço, utilizando diferentes formas de representação, dos mais rudimentares desenhos da paisagem até os mapas mais modernos e sofisticados. Uma prova disso pode ser encontrada em Bedolina, no norte da Itália. Calcula-se que o mapa mais antigo já encontrado tenha sido confeccionado em 2300 a.C.
Este mapa de origem babilônia é apenas uma das muitas evidências de como é antigo o uso dos mapas para o conhecimento do território. Há pesquisadores que afirmam que os mapas são uma das mais antigas formas de comunicação, pois alguns povos elaboravam mapas antes mesmo de estabelecerem uma linguagem escrita.
As representações também não se limitaram a materiais impressos. Os polinésios, por exemplo, utilizavam pequenas varetas de bambu para elaborar as suas cartas náuticas. Outros materiais, como conchas e hastes de coqueiro, também tiveram grande utilidade na confecção destas cartas.
O tempo foi passando e a habilidade do homem para interpretar seu entorno foi ficando cada vez mais sofisticada. Inicialmente, havia uma preocupação com a própria sobrevivência, mas à medida que a sociedade sentia necessidade de conhecer espaços mais distantes, o uso e a divulgação dos mapas ia gradativamente aumentando. O homem passou a ver na Cartografia não só a possibilidade de explorar e dominar seu próprio território, mas também territórios alheios. O desenvolvimento da bússola por chineses e árabes teve contribuição importante neste processo.
Assim, os mapas serviram e servem tanto para a administração e defesa do próprio território, como para estratégias de guerra, submissão de territórios e conseqüentemente dos povos que o habitam. Existem na História muitos exemplos de como o conhecimento do campo de batalha foi um grande diferencial no desfecho de batalhas e guerras.
A aplicação dos mapas para a sistematização do conhecimento estratégico é habitual ainda em nossos dias, mas não é a única. Hoje, utilizamos essas representações nas mais variadas atividades humanas relacionadas ao espaço. Além dos administradores e militares, os mapas tem auxiliado diversos profissionais que se interessam pelo espaço ou necessitam de dados sobre fenômenos espaciais: geólogos, biólogos, arqueólogos e engenheiros são alguns desses profissionais. Isso que dizer que ao lermos um mapa, terminamos por ler ou interpretar uma informação ou uma dada situação representada; por exemplo, as ruas de uma cidade, a concentração da população de um país, seus acidentes geográficos, os fenômenos climáticos na superfície da Terra ou ainda as estrelas e os planetas.
Para a Geografia, os mapas têm sido uma rica fonte de informações e um recurso imprescindível na análise do espaço geográfico. Isso explica a estreita relação que sempre existiu entre a Geografia e a Cartografia.
A Cartografia é a ciência que se preocupa com a elaboração de mapas e outros recursos gráficos que visam representar fenômenos naturais ou sociais no espaço, bem como o uso desses produtos. Devido à ampliação do uso das representações gráficas por diversos profissionais, ao longo dos últimos anos multiplicaram-se os tipos de mapas. Inicialmente, seu uso foi disseminado nas ciências ou ramos do conhecimento que têm interesse no espaço terrestre, porém a sociedade atual expandiu ainda mais o uso e divulgação dessas representações.
Nossa sociedade está tão imersa em mapas e representações gráficas que muitas vezes utilizamos estes recursos sem perceber. Basta um olhar mais apurado ao nosso redor e percebemos o quanto eles estão presentes em nosso cotidiano: jornais e revistas lançam mão de mapas e gráficos para complementar as notícias; propagandistas os usam para vender seus produtos e serviços.
Hoje temos efetivamente um acesso cada vez maior às informações sobre o mundo e tem-se privilegiado as informações visuais, como as contidas nos produtos cartográficos. Conhecer o mundo em que se vive é imprescindível para o exercício da cidadania, portanto, cabe ao cidadão do século XXI aprender a extrair essas informações de mapas e outras representações gráficas. Não é sempre que conseguimos essas informações. Aqueles que não estão habituados a esse tipo de representação, conseguem captar apenas uma pequena parte delas.